..: Blog do Casanova: um blog inusitado e sensual :..: 2008-12-14

Do desejo - Hilda Hilst

E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas deleitosas ásperas
Obscenas, porque era assim que gostávamos.
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro.
E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
(...)

postado por Curiosa

Mine - Katherine Stone

Mine to hold,
To feel,
To breathe in,
To delve into artificial machinations,

Taste the salty oil of the body
My body
His body
Her body

Look at the curl of her lobe
Her ear
Pink and flustered
Disappearing into his mouth
Red and puckered

Invisible to the face
Only to the eyes
Their eyes

Let me feel
Find new places for me to explore
For you all to find

Discover
Pleasure
Annihilate
Be mine
Mine alone

postado por Casanova

Alma - Curiosa

Quero raízes que me
prendam a alma ao corpo:
não permitam que ela fuja
para mundos distantes e coloridos,
abandonando à desdita
o corpo que a sustenta.
Fica ele perdido
na inexaurível inépcia
física do gueto de si mesmo,
buscando sentido para
tão famigerada existência.
Porém, à espreita,
a alma permanece:
o corpo decide, ela nega,
o corpo vacila, ela afirma;
e se a matéria dói,
ela rima.

Postado por Curiosa

Coco de Mer Photo Editorial


postado por Casanova

Suicida - Teresa Drummond

Escrever cartas de amor é cuspir um
crônico catarro preso à garganta.
Todas as cartas de amor são ridículas...
retratam de quem as descrevem o próprio ridículo.
Escrevo cartas de amor
Como se pulasse do décimo andar.
A paixão ludibria a alma
dissipando as certezas e todo o senso ridículo
Se o poeta é fingidor,
escrevo cartas de amor lambuzando de dor cada palavra.
Não há medida para rimas de amor;
até as rimas de amor são ridículas.
Por isso não faço poesia:
deixo contido o amor no ridículo das cartas...
morreria engasgada se não me dessem a chance de ser suicida.
Pulo do décimo andar no afã do vôo longínquo!...
Entre a janela e o chão, desprovida de toda a razão,
hei de saber da resposta.
Como a árvore que não apressa sua seiva
e enfrenta tranqüila a tempestade,
paciente aguardo a brevidade do chão
como se diante de mim houvesse eternidade.
Não há lucidez que aprisione o amor!...
Rompendo as grades do lúdico cárcere,
Na estupidez do vôo insano, escrevo cartas de amor
sem pára-quedas.

postado por Curiosa